sábado, 21 de abril de 2007

O pequeno avião verde

'Escrevo uma mensagem no telemóvel e ele vibra sinalizando a recepção de outra. Envio a que tinha escrito e fico a temer o seu significado. Dizia-me que estás triste por algo que te aconteceu na faculdade e não dizes o quê, depois também me dizes que a aula está demorada. Chego à porta da tua escola e vejo que é cedo, com o calor resolvo ir comprar água ao café ao lado e encosto-me à parede na entrada da tua escola sempre espectante a tua saída.

Sinto uma saudade enorme, parece que apesar de todas as conversas partilhadas na internet que demoravam umas boas horas, ia perdendo um bocado de mim todos os dias. Enquanto te espero sinto um pequeno vazio no meu coração, já não te vejo à uma semana.

Pego no telemóvel e ponho música, remexo o bolso das calças e encontro o papelzinho da senha da camioneta. Tendo a espera à minha frente, começo a fazer um avião de papel. Tenho tempo para muitos pormenores. Tenho tempo para imaginar o momento pelo qual irás sair pela porta em que te verei e depois da qual te poderei abraçar.


Vejo toda a gente na rua a passar, carros em acelerações fortes para ultrapassar semáforos, um mendigo a procurar em caixotes do lixo, um autocarro cheio de gente cansada de um dia de trabalho em direcção a casa. O autocarro está tão cheio que faz um esforço enorme para progredir rua acima. Mais uma dobra no meu protótipo de avião.

Espero mais um bocado sabendo que a hora mais desejada está perto. Acabo o meu aviãozinho verde com as letras da 'ETG'. Dou-me ao trabalho de o aperfeiçoar em todos os vincos e certificar-me que fica quase perfeito. Tento uns pequenos ensaios de voo contra o vento mantendo a mão aberta contra o vento, mas não obtenho o resultado desejado.

Dás-me o toque por que tanto anseio, e olho pela porta e vejo-te, ali no cimo daquelas escadas,a falar com o segurança. Entro, chego ao pé de ti e pedes-me para esperar mais um minuto, aguardo e olho para a ornamentação do átrio de entrada. Mesmo como um edifício antigo que realmente é. Só tem um problema, falta lá a peça mais bonita linda e perfeita, faltas tu.

Chegas da maneira que tinhas prometido, rapidamente, e saímos em direcção a casa. É uma parte da história que não e vulgar mas que não sinto que seja tão especial ou particular. É óptima a viagem, única e simplesmente porque partilho a tua companhia. Tenho o avião guardado no bolso e desejo que não acabe, quero dizer, pelo menos se o autocarro fosse mais confortável não queria que parasse.

Mas tudo o que é bom tem um fim e só penso que até vou estar contigo umas horitas depois....

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